"Estava eu aqui lembrando das notas do cárcere, e comecei a pensar. Terá você fugido dele, ou acabado de criar outro, em outro país, com outra cultura, com novos caminhos? Acho que os diferentes mundos são espécies de pequenas prisões, e elas têm o dever de nos acompanhar (e se renovar) aonde quer que a gente vá. Descobre o que tem lá... as alternativas, as portas, as janelas e todas as outras coisas. Fico com um pedacinho de você, você leva um pedacinho de mim, aprisiona lá e depois me conta em notas - é assim que funciona, não é? Felicidades, querido amigo. Serenidade, sabedoria e resiliência. Estou morrendo de orgulho. Vou sentir sua falta. Mesmo."
Resposta: Realmente, as notas do cárcere se tornaram esparsas nesse tempo que estive livre, apesar de preso em um novo cárcere. Porém, eu tinha que aprender a viver com essas novas sensações e com as surpresas que ela trazia. Um sabor diferente na boca, mesmo o morango e a maçã exalavam um sabor exótico, inesperado. Abri um monte de janelas. Fechei algumas. Ri e chorei. Vivi e como vivi, rindo e passeando, numa calma plácida daqueles que se preparam para a tempestade que logo vem. O ar parado, quase sem movimento, uma modorra. Mas a chuva quase me lambe o rosto, sinto que ela está vindo e quando sentir os primeiros pingos acertando a minha cabeça e o meu nariz, quando eu olhar pra cima, vou lembrar de você. E vou lembrar que voltar não é regredir, é reparar.
E a falta que faz!
ResponderExcluirOs novos cárceres são sempre importantes para nos mostrar que o pior cárcere é o que a gente mesmo cria, né? É interessante isso de se libertar e se aprisionar o tempo todo.
Acho que você volta outro, mesmo. É muito tempo longe das grades do passado, sentindo o gosto de uma liberdade nova, só sua.
Engraçado que esse negócio de levar um pedaço de mim só é percebido no dia a dia, quando falta um pedaço meu em algo que eu queria poder dividir, refletir, aprender.
Enfim, continue abrindo e fechando as portas, as janelas, e os caminhos. Continuo esperando e ansiando pelo cárcere novo, que certamente está por vir.
Saudades!